Uma carta de 14/08/2025
oi, ana. de novo, hoje é seu aniversário! eba. hoje foi um dia bem comum. não aconteceu nada demais. teve um bolo e salgadinho. mamãe e papai te deram um livro. a carvalho veio aqui. não sei o que eu acho de aniversário mais, não sei se eu gosto deles. acho que eles perdem um pouco da mágica de ficar mais velho quando você percebe que não tem graça nenhuma ficar mais velho. quer dizer, só até, sei lá, os 15 anos. depois disso é só um saco. você cresce e tem que evoluir, amadurecer, ser responsável, trabalhar essas coisas. coisas chatas. a faculdade não é a coisa mais incrível do mundo mas já tá na metade e eu vou terminar. não porque eu particularmente ame jornalismo, porque já faz um tempinho que descobri que não amo, mas porque já to na metade e que bem faria largar agora? nenhum. trabalho desnecessário. então, vou ficar.
ana acho que a gente cresceu. não sei porque, mas eu tenho essa impressão. eu não me sinto mais tão apavorada quanto eu me sentia, sei lá, ano passado? a perspectiva de fazer estágio é chata? claro, muito. mas eu acho que consigo. eu sinto que eu sou capaz, e que, não, não vou morrer se tentar. o que pode parecer ridículo pra ana de 21, mas não parecia pra ana de 19. enfim. hoje sou a ana de 20 e não sei o que sentir. a vovó não ligou hoje. ela sempre ligava e ficava um tempão falando no meu ouvido. fiquei triste, na verdade. mas acho que são coisas da vida. queria que ela me visse me formar.
ana acho que você vai conseguir. apesar de não saber o que exatamente, eu confio em você. feliz aniversário. se você tiver chorando hoje, tá bem, acontece. acho que é só a dor excruciante de ser uma mulher. enfim. parabéns. te amo.