Uma carta de 10/07/2025
Carta ao meu eu do futuro
Pedra Azul, 10 de julho de 2025.
Olá, Roberto.
Espero que ao ler estas palavras você esteja com o coração ainda em estado de escuta. Talvez as rotinas já tenham tomado novos contornos. Talvez os desafios tenham exigido mais do que você imaginava. Mas escrevo não para cobrar resultados, e sim para te lembrar do que te move.
Seis meses se passaram desde o encerramento do curso eMulti em FormAÇÃO. Não sei se você conseguiu implantar todos os dispositivos estudados. Talvez nem tudo tenha saído como o planejado. Mas espero que você tenha continuado fazendo aquilo que faz diferença: cuidar com vínculo, com presença, com pacto ético.
Lembre-se de que o PTS não é um formulário: é um modo de ver e ouvir. A interconsulta não é um rodízio de profissionais: é um lugar de atravessamento. O apoio matricial não é um repasse técnico: é gesto político de solidariedade entre trabalhadores.
Você disse que queria:
Consolidar uma agenda interprofissional viva e possível nas unidades de saúde em que atua;
Fortalecer os espaços de grupos e ações coletivas, inclusive no meio rural;
Alimentar o PEC com qualidade, não como obrigação, mas como registro de uma clínica comprometida;
Seguir como defensor de uma APS que escuta, articula e não se conforma com a lógica da exclusão.
Como está indo com isso tudo?
Se em algum momento bater o cansaço — e ele virá —, lembre-se dos casos que te atravessaram. Dos silêncios da sala de aula. Da música do Pink Floyd. Da rosa e da cajuína.
E lembre-se: existir, no SUS, é também resistir.
Com afeto, esperança e responsabilidade,
Você mesmo.