Uma carta de 10/01/2024
Querida Rafaela,
Já faz anos que eu não escrevo aqui, então tenho muitas coisas para contar, contudo, por hora, vou me contentar em contar um drama atual da minha vida.
Eu escolhi um dos caminhos mais difíceis que se tem para trilhar, o caminho da medicina. Fazer essa escolha não foi nada fácil, eu já chorei muito, e ainda estou sentindo muito medo, essa escolha exigiu sacrifícios, como ter que fazer cursinho ao invés de sair da escola para a faculdade, contar para as pessoas que não eu não estou fazendo faculdade e lidar com o fato que é possível que eu precise de mais do que um ano para conseguir passar nesse curso, a partir de então terei apenas duas opções desistir da medicina ou continuar tentando.
Além disso estou me sentindo culpada por acreditar que fui eu que sem querer convenci meu pai de largar o emprego para construir um novo negócio; em certa conversa que nós tivemos ele contou que se eu quisesse fazer medicina não séria ruim para ele pois então nesse caso eu poderia ajudá-lo na sorveteria que ele quer abrir, eu respondi que eu seguiria o meu sonho se aquilo realmente acontecesse, dias depois ele veio me contar que pediu demissão e o meu medo só aumentou, isso porque estou bem ciente que abrir um novo negócio é assumir riscos muitos altos, principalmente quando se está pegando o dinheiro que seria da aposentadoria dele e também deixando de se aposentar já que só faltam dez anos para ele conseguir isso. Sinceramente não sei como estou conseguindo dormir a noite.
Infelizmente minhas preocupações não acabam aí, como é que eu vou conseguir conciliar o trabalho e o cursinho? Se fosse para passar em qualquer outro curso seria mais fácil, mas para medicina, será insano. E se pensa que já acabou eu preciso de uma bolsa para fazer um cursinho realmente bom, era para eu estar estudando, mas simplesmente não consigo, um dos meus maiores inimigos vem me confrontar e me vencer todos os dias, a procrastinação, tenho até orado sobre isso, e a procrastinação não é o único, vencer a pornografia e corrigir a minha maneira de agir com os meus pais também não tem sido nada fácil.
Estou buscando uma vida mais íntima de Deus e ele tem sido meu único conforto, além da única coisa realmente concreta na minha vida, com ele eu sei o que vai acontecer, eu conheço ele o bastante para saber que ele sempre vai estar com migo, me ajudando, me confortando e me ajudando a carregar o fardo.
Mas antes que eu exploda de ansiedade eu tenho sempre que me lembrar o Deus que eu sirvo, que se eu coloquei o meu futuro nas mãos dele não há com o que me preocupar, também preciso me recordar o porquê que eu estou assumindo esses riscos, medicina é o que eu realmente quero e já tenho uma relação de amor, ademais desejo glorificar a Deus por meio da minha profissão e que profissão melhor para fazer isso se não essa? Por isso eu vou dar o meu melhor todos os dias e pretendo ser uma médica que realmente se importa, que tem empatia e amor ao proximo. Também tenho que me lembrar que os riscos que meu pai está assumindo é a realização do sonho dele, e com isso ele só passar a ser um exemplo para a minha vida, já que com quase cinquenta anos ele está correndo atrás dos sonhos dele, algo que eu tenho orado muito para que aconteça, que ele e minhã mãe possam realizar seus sonhos. Dessa forma eu meu pai e minha mãe estamos percorrendo juntos o caminho que levará a realização dos nossos sonhos.
-Rafaela Gonçalves Farias.