Uma carta de 08/09/2025
Meu querido eu do futuro , Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Presta atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
De cada amor, tu herdarás só o cinismo
Quando notares, estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés
(atualização):Ano 1 a 18
Sou semente de passarinho,
que ao cair nasce na beira do chão.
Cresce, se alonga, transforma,
uma grande metamorfose em expansão.
Ontem fui frágil, inocente,
o sorriso puro da criança sorridente.
Hoje já não me reconheço,
carrego o peso de um desejo antigo,
que antes era simples,
e agora é preciso.
Ah! Como contei os dedos,
esperando o dia chegar,
o anúncio da partida,
o início da vida a despontar.
E no futuro eu descubro:
meu pecado mais profundo
foi amar demais o mesmo sonho,
foi acreditar em mil maravilhas
que, no fundo, eram colinas
com altos e baixos sem fim.
Mas sigo:
sou juiz com a razão,
sou braços que moldam a obra.
E me comove perceber
que fui tão depressa —
forçando o tempo
a correr mais rápido do que devia.
quero que lembre disso.